Pensamentos à solta


» A Arte e a Crise



OUTROS TEXTOS:

O ESTATUTO PROFISSIONAL DO ACTOR



A classe artística FINALMENTE uniu-se e conseguiu alguns resultados. Congratulo-me por isso! Mas devo dizer que é bom que não se esqueça um aspecto fundamental que nos devia unir a todos ainda com mais força - a MENTIRA a que o Estado (e digo Estado e não governo, porque é um aspecto transversal a todos os governos de há muitos anos para cá) nos obriga a viver.

O Estado não reconhece a nossa categoria profissional, diz que somos independentes quando trabalhamos SEMPRE por conta de outrém. Por esta razão, retira-nos os direitos de protecção social a que todos os trabalhadores por conta de outrém têm acesso. Agora até, pasme-se, existem produtores que exigem que um actor se colecte como prestador de serviços para lhe pagar!!!! Em nome do IVA!

Então nós não temos profissão???? O Estado insiste em não reconhecer a nossa existência e, parece-me, esta situação até é anti-contitucional. A Constituição não diz que não se podem retirar direitos adquiridos aos trabalhadores? E não nos foram retirados os direitos que já tivemos? Enfim... precisava de desabafar...

 Luísa ortigoso

 

 

"VAMPIROS..."


E não é que continua tão actual? Em todas as épocas há "vampiros" para sugarem o pouco que muitos têm....





" TAXAS MODERADORAS... SEM ANESTESIA"

Contava-me uma amiga, entre o almoço e o café, que tinha ido marcar uma colonoscopia total para a mãe (uma senhora de 80 provectos anos). Até aqui nada de novo, já quase todos marcámos exames médicos para os pais quando eles atingem uma idade mais avançada. O que tornou a conversa (que até aqui era banal) num tema de discussão foi o facto de, afinal, a taxa moderadora não contemplar a sedação necessária para a realização de tal exame! 
Quem já o fez sabe que é um exame difícil de suportar e sê-lo-à mais ainda para uma senhora de 80 anos.
E se a senhora não aguentar mesmo - o que acontece à maioria das pessoas - o exame sem sedação? Simples: paga do seu bolso 150 euros, para além da taxa moderadora!!!!! 
Ora pensemos um pouco. Que pensões de reforma têm os idosos neste país? (não, não estou a falar das pensões de reforma dos directores-gerais, dos administradores, dos ex-ministros ou dos ex-deputados). Ah , pois é!
Se tiverem de fazer a dita colonoscopia num mês em que já deixaram parte substancial da pensão na farmácia...
Mas também, o que é uma dor ou outra no meio de tantas outras a suportar? Quem decide até pode ir ao privado.
Portanto, comparticipa-se... mas a frio, que o Estado não tem de pagar facilidades a ninguém!
E por que é que havemos de nos indignar com mais esta? Não estamos já todos "anestesiados" com estas e outras em que tropeçamos todos os dias?

Cumpre-se a lei - é a saúde para todos - mas... sem anestesia.

Luísa Ortigoso





"P'RA QUEM É..."


Ele há coisas que me irritam.
Também vos acontece? Penso que acontece a todos, uns por umas razões, outros por outras.

Quantas vezes ouvimos a frase "P'ra quem é, bacalhau basta!"?
Pois, já quase toda a gente a ouviu, com maior ou menor frequência. Já quase toda a gente a pronunciou sobre este ou aquele assunto.
"P'ra quem é, bacalhau basta" é um frase que me irrita, o que é que querem?

P'ra quem é, bacalhau basta?!
O que diz isto sobre o que se pensa dos outros? Não têm importância? Não valem o esforço? O quê?
O que diz isto sobre a pessoa que verbaliza a frase? Não se importa com o resultado do que faz ou diz? Não tem amor ao seu trabalho, à sua função? O quê?

Se pensarmos bem é o pensamento inerente a esta frase que está na base desta outra "O povo gosta é..." (para justificar a falta de nível, a falta de qualidade, a falta de empenhamento).  

Se existe uma área de actividade em que se promove esta ideia com mais frequência é na oferta de programas televisivos de má qualidade. E tudo em nome do que o povo gosta, tudo em nome de p'ra quem é, bacalhau basta. Demos a uma criança, anos a fio,  só pão com manteiga e ela nunca vai saber se gosta ou não de pão com queijo...

Oh, senhores, adaptem a frase aos tempos! P'ra quem é, bacalhau basta como sinónimo de pouco, era no tempo em que o bacalhau era barato e estava ao alcance dos mais pobres. O bacalhau está caríssimo! Elevou a fasquia! E deveria também elevar a fasquia do pensamento pobre e pequenino. 

Hoje em dia, o bacalhau é ouro. E num País de pequena dimensão (geográfica e populacional), em que o mercado é pequeno, temos é de apostar na qualidade e não na quantidade - até porque só a qualidade é exportável....

Hoje em dia, p'ra quem é (que somos nós todos) SÓ o bacalhau basta!! Ouro, senhores, ouro! (pão com queijo) E não se preocupem - vai dar para ganharem o vosso dinheirinho na mesma!.. mais devagar, é certo, mas já pensaram no orgulho que vão sentir pelos resultados obtidos?

Luísa Ortigoso



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